Seu nome : Bilal - Islamico, Pacífico - Cristão, Lykutan - Étnico - sua Etnia : Yorùbá da Nigéria : "Pacifico Lykutan". O promotor público João Alexandre Silva e Freitas pediu a cabeça de Lykutan em 1835, e assim o justificou "por ser este Réu um dos grandes e distintos entre os africanos da insurreição". Era verdade. Pacifico Lykutan foi descrito como um homem idoso, alto, magro, barba rala, cabeça e orelhas, pequenas, "com sinais perpendiculares, outros transversais, na cara".Esses sinais se assemelham mais do que os de Ahuna ao gamby, que Gbadamosi indica ter sido popular entre os Yorùbás Islamizados. Era escravo de Nação Yorùbá, e as marcas em seu rosto sugerem que seria também de Òyó como Ahuna. Lykutan trabalhava alugado como enrolador de fumo no Cais Dourado e morava no Cruzeiro de São Francisco com seu senhor, o médico Antônio Pinto de Mesquita Varella. Ao ser interrogado, Lykutan declarou que "sofria mau cativeiro" nas mão de Varella, uma evidência viva e pessoal da questão da escravidão no movimento rebelde. O médico era deveras intransigente. Por puro orgulho senhorial recusara a alforria do escravo nas duas ocasiõs em que fora procurado por malês dispostos a usar suas economias no resgate do "mestre" da escravidão, conforme recomenda o ( Qur`ãn ). E bem que Varella precisava do dinheiro, pois sabemos que tinha uma divida vencida com frades carmelitas.Esta aliás, era a razão por que Lykutan se encontrava preso na cadeia municipal em 1835. Como propriedade de Varella, o velho mais produtivo escravo havia sido confiscado para ser levado a um leilão, com cujo o produto seriam pagos credores do senhor. Outro indicio do "mau cativeiro" do mestre malê é que, quando levado a julgamento o doutor Varella se recusaria a providenciar sua defesa, abandonando-o à sua Própria sorte.
Pacáfico Lykutan reunia seus dicípulos tanto no quarto da casa em que morava com Varella no Cruzeiro de São Francisco como também num quarto com outros africanos alugado para esse fim na rua das Laranjeiras. Era um Alufá estimadíssimo, um homem de grande influência na comunidade africana da Bahia preparador e recrutador de adeptos para a "Sociedade Malê". Nina acreditava que fosse ele o imã dos malês em 1835. "O depoimento do escravo Francisco, yorùbá, que decidira colaborar com a polícia, é esclarecedor a esse respeito: Que ele via o preto "Lykutan" de Nação Yorùbá, escravo de um homem que mora no Terreiro ao pé de onde se faz cadeira de Arruar, juntar gente na porta e todos dizerem que os chamava e que depois ia com todos lá para dentro do seu quarto. Que o nome do dito seria "Lykutan" andava na boca de muitos pretos, e ao mesmo tempo com segredo. Que esse preto"Lykutan" escrevia esses papeis que foram mostrados neste ato, porque ele ouvia dizer aos outros. Que ele não tinha dúvidas de ir mostrar a casa do Senhor do preto"Lykutan" mais que isto há ser a noite porque ele não quer morrer. Neste ponto o interrogatório foi interrompido e o escrivão registrou " Neste ato vendo o Juiz que o preto estava muito assustado e espantado observando só a escada onde estavam os outros para serm interrogados, houve por suspenssa as perguntas, mandando o Respondente em depósito para Aljube para ser depois de novo interrogado".
Respondeu que ele tem medo de falar no preto "Lykutan" porque este preto é grande entre os seus Parentes Yorùbás, e também que ele Respondente estando há muito tempo ao pé de dois pretos que falavam nele e na junta que ele fazia, lhe disseram que se ele contasse ou falasse nisso havia de morrer de todas as formas. Que ele estava assustado quando falou ontem porque temia que algum dos outros que estavam aí fosse contar na Cadeia ao dito preto "Lykutan" pois apesar dele estar na Cadeia que toda gente Yorùbá ia vizitá-lo e tomar benção, e tinha juntado dinheiro para ele se forrar quando fosse a Praça.
O carcereiro da cadeia municipal, Antônio Pereira de Almeida, confirmaria essa última parte do depoimento de Francisco. Segundo ele , logo no dia à prisão de Lykutan, teve o dito petro muitos pretos e pretas que lhe fossem visitar e assim continuou todos os dias e todas as horas, porque ele estava entre porta como apenas depositado; e mais com a especialidade de que todos se ajoelhavam com muito respeito para lhe tomarem a béção, e contou que ele testemunha que os outros tinham o dinheiro pronto para o forrar quando fosse à Praça.
Recordando que alguns destes episódios tiveram lugar durante o Sagrado mês do Ramadan, periodo em que o jejum e as orações ininterrupitas teriam aumentado, a Baraka, o poder espiritual das bénçãos do distinto prisioneiro..
Esses depoimentos indicam ter sido justamente durante o período do encarceramento de Lykutan que a revolta fora concebida, o que confirma a hipòtese de que isso aconteceu no final de 1834. Ele fora preso em novembro desse ano. Até certa altura dessa prisão, os malês ainda pensavam em alforriá-lo quando fosse a leilão em praça pública. Depois de marcada a data da rebelião. Lykutan foi informado de que seria libertado " de uma vez" ao final do Ramadan.